• Quinteto Sinistro
Pode ficar tranquilo, eu não vou soltar spoilers. Se você é de casa, sabe bem que eu só escrevo revelações sobre a trama em uma seção específica lá embaixo, devidamente sinalizada. Se você é novato aqui no blog, saiba que eu não vou te contar o que vai acontecer deliberadamente. Sim, eu sou legal. Agora que deixei isso bem claro, vou continuar minha introdução de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa escrevendo que, novamente, tive a experiência de frequentar uma sala de cinema que mais parecia um show. A cada aparição importante, a cada acontecimento marcante, as pessoas reagiam como se estivessem vendo o crossover entre Hannah Montana, Os Feiticeiros de Waverly Place e Zack & Cody: Gêmeos a Bordo. Confesso que, ao contrário de Ultimato, a comemoração exagerada de alguns indivíduos me incomodou um pouco, e na minha frente tinha uma galera que deve ter confundido a sala de cinema com um chat do MSN. Mas estamos aqui pra falar sobre o filme, né? Então vamos lá.
Sinopse
Acho que tá todo mundo cansado de saber essa sinopse, mas eu sou um crítico sério e vou cumprir o meu trabalho. Peter Parker agora é a pessoa mais conhecida do mundo, tal qual Casimiro em nossa realidade. Após ter o seu maior segredo revelado para todos, o garoto precisa lidar com as repercussões do fim de seu anonimato. Aquilo torna insuportável a sua vida e a das pessoas próximas a ele. Por isso, o Homem-Aranha vai até o Doutor Estranho pedir arrego e perguntar se tem algum jeito de resolver essa parada voltando no tempo ou algo do tipo. O problema é que isso cria uma catástrofe massiva que traz personagens de outras dimensões.
Crítica
Vocês querem que eu redija primeiro como fã ou como crítico? Como se meus leitores fossem responder. Nem comentar eles comentam. Bom, acho que vou primeiro deixar o meu coração tomar conta do teclado, pra depois colocar o cérebro pra trabalhar.
Para um fã do Homem-Aranha, este filme aqui será uma das maiores experiências de todos os tempos. Ver vilões da trilogia do Tobey Maguire e da duologia de Andrew Garfield (lembrando que isso não é spoiler, pois estava na divulgação da obra) dialogando e enfrentando o Cabeça de Teia do Tom Holland já era um negócio emblemático por si só, mas o longa vai muito além disso. O terceiro ato é um dos melhores do MCU, trazendo tudo que um amante do Teioso poderia esperar.
Passando um pouco pras avaliações mais concretas, as dinâmicas entre os personagens são ótimas de se ver, todas elas com características bem definidas. A relação entre Peter e MJ é de amor, cautela, entrega. Entre o Peter e o Doutor Estranho, há respeito, impaciência e desobediência. Entre a MJ e o Ned, existe companheirismo, amizade e comprometimento. Isso pode ser feito com basicamente todos os personagens centrais, até mesmo em parcerias inesperadas.
As atuações também estão no ponto. Tom Holland está em seu momento mais carregado, porque o enredo do filme é mais dramático do que o habitual. Enquanto houve leveza no primeiro capítulo da trilogia e cansaço na segunda, aqui essas partes dão lugar ao desespero do protagonista. Os retornos de nomes consagrados da sétima arte, como Willem Dafoe e Alfred Molina, só acrescentam à trama.
Mesmo contendo tantas qualidades, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa possui defeitos escancarados. O maior deles se chama facilitação narrativa. São vários momentos em que uma coisa acontece porque… sim. O Doutor Estranho é “nerfado” pra que não exista impedimento em relação ao andamento da história, a motivação do Peter é mais fraca do que eu tentando abrir uma garrafa de refrigerante e a inserção de MJ e Ned é demasiadamente conveniente. Os principais impedimentos do roteiro são resolvidos de forma simplista (vide os antídotos), fazendo com que a obra se torne até mesmo um pouco previsível sobre os caminhos gerais que irá tomar.
Além disso, eu genuinamente não saí do cinema muito surpreso. Pode ser maluco dizer isso, mas eu não me senti como se tivesse acabado de assistir ao final de O Sexto Sentido. Nem preciso ir longe assim. Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato me deixaram bem mais instigado na posteridade. Tudo que eu esperava acerca de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa se concretizou, sem nenhuma cereja no bolo. E, em um filme desse, a cereja no bolo fez falta.
O ritmo me deixou um pouco perdido no início, porque a história é ligada precocemente nos 220v e dali não sai facilmente. Ao longo da obra, no entanto, eu me acostumei e consegui curtir. A trilha sonora é sensacional, os efeitos visuais são muito bons e as cenas de luta são bacanas, com algumas sequências mais espetaculares e outras mais genéricas. Quanto à fotografia, eu achei o filme meio escuro demais pro meu gosto, mas tô desconfiado de que era problema no projetor da minha sessão, até porque não vi nenhuma outra pessoa reclamando disso. Quando assistir de novo no cinema (o que planejo fazer em breve), tirarei a prova.
Veredito
Acho que não tem melhor maneira de resumir o 27º filme do Universo Cinematográfico da Marvel do que esta: sob a perspectiva de um produto para fãs, é nota 10; na perspectiva de uma obra cinematográfica, é nota 8. O roteiro é o ponto baixo de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, tendo um ótimo argumento, mas um desenvolvimento com menos polidez do que o esperado. Por outro lado, as coisas positivas compensam e não tem como não terminarmos a assistida com um sorriso largo no rosto. É um filme de fãs feito para os fãs, e, dependendo de como se analisa, isso em si pode bastar.
Aviso: Tem duas cenas pós-créditos.
>> Crítica de Homem-Aranha: De Volta ao Lar
>> Crítica de Homem-Aranha: Longe de Casa
>> Recapitulação do Homem-Aranha de Tobey Maguire e Andrew Garfield
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Eu não acredito que desperdiçaram a oportunidade de fazer um Sexteto Sinistro, sério. Eles estavam ali na porta, faltando só um vilão, e não aproveitaram. E isso me fez ficar pensando no tanto que seria massa se tivessem dado um enfoque em um novo antagonista, tipo o Escorpião que aparece na cena pós-créditos do primeiro filme, adicionando os demais só na metade final. É uma pena que algo assim não tenha rolado.
- Outra oportunidade perdida: um encontro entre o Aranha do Tobey e o J. Jonah Jameson. Como é que não fizeram isso acontecer, velho?
- Muito engraçado o jeito que simplesmente TACARAM o Matt Murdock no filme só pra participar menos de um minuto e pegar um tijolo vindo da janela. Eu amei a cena, mas ele não poderia ter tido mais tempo de tela???
- Deram uma nerfada ferrada no Doutor Estranho, hein? Todo aquele confronto dele com o Peter não fez sentido algum. Bicho, era só ele conjurar uma corda mágica da Oitava Dimensão que prenderia o Homem-Aranha de boa, ou até mesmo atingi-lo com aquela arma e prendê-lo em uma cela no porão. Mas não, Stephen Strange foi enfrentar Peter Parker no único quesito de luta em que o Aranha se daria melhor: agilidade. Sem falar no ex-Mago Supremo encarregando três adolescentes de resolverem uma ameaça interdimensional. Nerfaram até a inteligência dele.
- Sobre a tia May: não gostei muito de vê-la repetindo “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”, apesar de ter feito sentido narrativo lá na frente. A respeito da morte da personagem, foi bem tensa. É uma pena que não pude sentir todo o impacto, porque um cara na minha frente não parava de repetir “é, não tinha como ela sobreviver mesmo depois de levar esse drift”.
- Todos de acordo que o Duende Verde (na vilania principal), Doutor Octopus (redenção) e Electro (nova personalidade) foram bons, certo? E que o Homem-Areia e o Lagarto serviram apenas pra aumentar a quantidade de ameaças?
- Quanto ao Ned sendo responsável por abrir o portal, pior que eu gostei da decisão, pois quebrou um pouco da previsibilidade pra mim. E, cara, na hora em que apareceu o Homem-Aranha do Andrew Garfield lá no fundo, e depois a sua interação com o Tobey Maguire… foi fera demais. Só acho que a Mary Jane da Kirsten Dunst deveria ter aparecido também, porque era uma das figuras mais importantes que sabiam da identidade do Peter Parker.
- Não gostei do Peter querendo “curar” os vilões. Tudo bem que a tia May pediu pra ele, mas era um negócio muito arriscado e sem garantia que daria certo. Pra um herói que perdeu tanta coisa recentemente, arriscar o mundo inteiro por causa de alguns antagonistas me soou meio bobo. Sem falar nos antídotos super facilitadores. O Tobey saber uma cura pro Duende Verde e o Andrew pro Lagarto até passa, mas como é que descobriram em duas horas como curar o Homem-Areia?
- Que final dramático o do Peter do Tom Holland, hein? Todo mundo se esquecendo do cara. Pelo lado “bom”, agora é bem possível que ele vire aquele personagem mais caracterizado, precisando arcar com os problemas do cotidiano, não apenas com as ameaças de vilões. Só espero que não o deixem sombrio demais, pra não correr o perigo de virar um Batman vermelho.
- Uma pergunta que ficou na minha cabeça: o que aconteceu com os vilões curados? Eles foram pra uma linha do tempo em que as suas ameaças não foram concretizadas? Ou todas as histórias dos outros filmes foram reescritas? Achei que faltou uma explicação melhor, porque tudo ficou abstrato demais, sobretudo quando consideramos que era a principal razão pra luta ter acontecido.
- Caaaara, não é possível que pegaram o Tom Hardy só pra aparecer no universo e ir embora depois. Porém, isso deixa muita coisa no ar. O simbionte então se comunica com simbiontes de outras dimensões? Porque é a única maneira de justificar o conhecimento de que o Peter Parker é o Homem-Aranha, pois só o Eddie Brock da trilogia do Tobey que descobriu isso. Só sei que tô ansioso pra ver o que o simbionte pode causar no MCU. Talvez um Agente Venom, quem sabe?
- Não esperava que uma das cenas pós-créditos seria logo um teaser de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. Teremos um Stephen Strange maligno por aí, e eu mal posso esperar pra conferir.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Norman Osborn/Duende Verde
Sendo bem sincero, não foi meu favorito. Pessoalmente, gostei mais do Peter e da MJ neste filme. Porém, analisando o combo entre personagem e ator, terei de escolher o nosso querido Doente Verde. Contudo, ressalto aqui que o brilho do filme não está no individual, e sim no coletivo. Parece papo de coach quântico, eu sei, mas o único desses que eu suporto é o Hank Pym.
+ Maior evolução: Michelle Jones (MJ)
Só pelo fato de ter evitado cair nos clichês dos interesses amorosos do Homem-Aranha, já foi um grande passo. Além disso, MJ se tornou genuinamente uma boa personagem, com mais presença do que nos filmes anteriores.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?