Colaborações

AnáliseRicardo #20 – Longlegs é um terror que não decide o que quer ser

longlegs ricardo

• Muito hype pra pouca investigação

Fala, galera! Hoje é dia de falar de um dos filmes de terror mais hypados do ano: Longlegs – Vínculo Mortal. Tem muita gente que adorou, muita gente que odiou, e quem me segue nas redes sociais já sabe o que eu achei. Mas, calma, hoje você vai saber por que eu achei esse filme… medíocre.

Pra começar, eu não tô nem de um lado, nem do outro. Quem acompanha minhas críticas sabe que eu bato na tecla de que um filme não é 8 ou 80, não é só “gostei” ou “odiei”.

Com Longlegs, minha experiência foi uma verdadeira montanha-russa. Teve momentos que eu tava curtindo, outros que achei chato, e outros que eu nem sabia o que pensar.

O primeiro ponto que eu quero destacar é a direção do Oz Perkins. Ele tem uma escolha clara de trabalhar as situações para criar tensão, o que a gente normalmente vê em bons thrillers ou filmes de terror. O diretor consegue abrir espaço para os personagens se destacarem, mas mais que isso, ele abre espaço pra gente procurar algo mais. Seja pra entender a resolução do caso Longlegs ou sugerir algo em segundo plano, ele orquestra sua equipe muito bem pra criar esses momentos.

Agora, o mesmo não pode ser dito do roteiro.

Longlegs começa bem, depois vai ficando mais parado, e no final acelera com muita exposição. Eu sei, essa é a estrutura clássica de terror de Hollywood, e esperar algo diferente é meio loucura. Mas o filme tinha espaço pra fazer mais.

Um exemplo? As situações criadas pra deixar a gente tenso. O filme te faz olhar todos os cantos da tela, buscando o Longlegs ou algum outro tipo de demônio. Mas logo depois de sugerir isso, ele corta pra investigação policial. Aqui rola uma quebra, porque o filme constrói muito bem a tensão, mas a parte investigativa parece não ser o foco. E aí, ao invés de usar isso como respiro, o filme tenta nos fazer mergulhar nessa dinâmica policial que, sinceramente, não convence.

Exemplo claro disso é a cena em que a protagonista tem a casa invadida pelo Longlegs. Uma cena tensa, de arrepiar. E logo depois, somos jogados numa investigação onde as respostas são simplesmente entregues sem muita construção.

Maika Monroe, em Longlegs

Sinceramente, eu até aceitaria numa boa o fato da menina ser “sensitiva” e trabalhar pra polícia, mas isso não faz tanta diferença pra história dela. Filmes de terror geralmente têm essa dinâmica onde um personagem saca respostas do nada e se aproxima do vilão, mas o problema aqui é tentar fazer disso algo excepcional.

Se você quer ser um filme investigativo com toques sobrenaturais, beleza! Me deixa investigar junto com você. Mas se quer ser um terror sobrenatural, não corta pra momentos que fingem ser uma investigação só pra jogar respostas prontas. O filme fica entre duas propostas e acaba não conseguindo equilibrá-las.

Por exemplo, a cena no celeiro, ou a conversa com uma das vítimas sobreviventes. Essas cenas mostram como o filme tenta cruzar essas linhas, mas acaba tropeçando.

Esse foi o meu maior problema com o filme, e quando ele chega no final, que é super expositivo e abraça uma das linhas que eu mencionei, isso nem me incomodou tanto porque já tava preparado pra essa indecisão toda.

Agora, parece que eu odiei o filme, né? Mas não é isso. No final das contas, achei ele mais interessante e instigante do que um simples “gostei” ou “não gostei”.

A fotografia, com seus close-ups e o uso inteligente de sombras, a edição e mixagem de som, e até a direção, me ajudaram a mergulhar na tensão. Maika Monroe, desde Corrente do Mal, mostra que domina esse tipo de papel. Ela consegue internalizar os sentimentos e passar tudo isso com pequenos gestos e olhares.

E Nicolas Cage? Esse cara parece que finalmente tá escolhendo bem seus papéis de novo. Ele claramente se divertiu e entrega cenas incríveis, ajudando a gente a sentir mais da tensão que o filme propõe.

No fim das contas, Longlegs é um filme mediano. Ele não decide o que quer ser, ou tem vergonha de se assumir. Isso pode não ser um problema pra você, mas pra mim, foi. As atuações são muito boas, a direção cria tensão, mas o filme não escolhe um caminho. E, como diria o Sr. Miyagi: se você fica entre um lado e outro, tem grandes chances de ser esmagado quando as coisas afunilam.

 

Ricardo Gomes
O Sharkboy que estuda Jornalismo e ama o cinema

 

>> Para ler as outras análises do Ricardo, é só clicar aqui!

 

Este texto faz parte de um quadro de colaborações com outros redatores. O artigo não foi escrito pelo maravilhoso Luiz Felipe Mendes, dono do blog, e não necessariamente está alinhado às ideias dele.

Publicado por Ricardo Gomes

O cara que mais perde tempo assistindo TV e escrevendo sobre, segundo Michelle (minha gata).