• Grandes proporções, pequenas consequências
Tudo tá ficando cada vez maior no Universo Cinematográfico da Marvel. Não tem pra onde correr. A tendência é que as histórias se tornem cada vez mais espetaculares, porque os personagens vão ficando cada vez mais poderosos. Portanto, dificilmente teremos vilões como Obadiah Stane, de Homem de Ferro. A introdução do conceito de multiverso automaticamente aumenta a proporção dos acontecimentos. Por isso, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura tinha tudo pra dar continuidade a essa estrutura. O próprio nome do filme indica um nível gigantesco de ameaça. Mas será que a obra conseguiu alcançar esse objetivo plenamente?
Sinopse
Doutor Esquisito no Universo da Doideira é o destino de várias bifurcações da Marvel. Repercussões de WandaVision, Loki, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e outros filmes e séries da franquia estão aqui, de maneira maximizada. Depois da jovem misteriosa America Chavez ser perseguida por um monstro gigante, Doutor Estranho e Wong partem em busca do resgate. Com isso, descobrem que a garota tá diretamente envolvida em uma trama de multiversos, o que chama a atenção de Wanda Maximoff. A Feiticeira Escarlate está em busca de seus filhos em outro universo, mas não tem o poder necessário pra realizar a viagem. Diante de uma oportunidade que surge à sua frente, ela enfrentará o que for preciso pra cumprir sua missão.
Crítica
Não demorou muito pra eu perceber que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura era um filme diferente do habitual. Tá todo mundo cansado de saber disso, mas é óbvio que a Marvel possui um padrão em suas obras. Embora existam diferenças criativas aqui e ali, todos os filmes e séries contam com características que os unem em questão de narrativa. Embora esse estilo marque presença aqui, o dedo de Sam Raimi também aparece.
O primeiro ato parece um filme qualquer do MCU, mas as coisas vão mudando à medida que a história avança. Consegui perceber movimentos de câmera diferentes, com closes distintos e ângulos que não tô tão acostumado a ver na Marvel. Além disso, o toque de terror é notável em Multiverso da Loucura. Não espere ver O Exorcista ou algo do tipo, mas o clima de perseguição frenética é pulsante.
Esse é um grande ponto do filme, aliás. Com pouco mais de duas horas de duração, o longa raramente diminui o seu ritmo. É correria literalmente desde o primeiro minuto, e os momentos de calmaria não são duradouros. Isso pode ser sufocante pra alguns, mas não me incomodou. O que me incomodou foi um pequeno grande detalhe que tende a aparecer no cinema.
Sabe quando há uma trama de ficção em que os personagens precisam correr pra evitar que algo terrível aconteça? E que, se demorarem demais, não dará tempo de salvar o mundo? Então, tem um momento muito emblemático em que isso ocorre em Multiverso da Loucura, lá pra parte final. O problema é que, em vez dos personagens em questão acelerarem como se não houvesse amanhã (porque poderia não haver), eles andam tranquilamente enquanto o multiverso está ameaçado de destruição. Isso me incomodou ainda mais levando em conta que todo o resto do filme tá com o pé no acelerador. Pra completar, não entendi muito bem a passagem de tempo, mas quero comentar isso melhor nas Observações Spoilentas.
Voltando ao clima de terror, eu me surpreendi com o tom violento do filme. Em uma das sequências, fiquei de cara com o gore utilizado pelo Sam Raimi. Não chega a ser um Jogos Mortais, é claro, mas é o suficiente pra quebrar expectativas na franquia. Também gostei de como o filme não teve medo de subverter essas expectativas, sobretudo quando tratou de personagens amados pelos fãs da Marvel.
A criatividade de Sam Raimi é de se admirar. Ainda que algumas cenas de batalha não tenham nada demais, principalmente por ser o 28º filme de uma saga megalomaníaca, as lutas esbanjam personalidade. É frequente que às vezes a minha atenção se distancie de brigas em filmes de super-herói, como acontece em O Homem de Aço, por exemplo. Em Multiverso da Loucura, porém, algo me manteve o tempo todo concentrado na pancadaria. Não sei dizer o quê, mas me conquistou.
Em geral, eu saí do cinema pra lá de satisfeito com o novo filme do Doutor Estranho. Os detalhes me incomodaram menos do que em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, e ver personagens extremamente poderosos se digladiando é sempre legal. A obra ainda conseguiu recuperar Christine Palmer, que estava esquecida no churrasco. No entanto, sigo com a sensação de que ficou faltando algo. O filme prometeu muita coisa e desenvolveu melhor o conceito de Multiverso. Ao mesmo tempo, quando paro pra pensar, Multiverso da Loucura é mais uma obra de transição do que um aglomerado de consequências. Pouca coisa prática mudou no MCU ao fim deste filme, o que cria um sentimento de decepção nesse sentido.
Veredito
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura não é tudo aquilo que promete, mas cumpre o necessário pra culminar em um bom filme. O trio formado por Stephen Strange, Wanda Maximoff e America Chavez tá muito bem, e Wong é um ótimo coadjuvante. A direção de Sam Raimi não é sublime por impedimento da própria Marvel, mas ele tem liberdade o suficiente pra mudar um pouco o estilo da narrativa e inserir pela primeira vez o gênero de terror no MCU. A história acelerada não nos deixa ficar entediados, mas a quebra no terceiro ato causa um sentimento de confusão. Não entraria no meu Top 10 da franquia, mas é definitivamente melhor do que a maioria.
Aviso: Tem duas cenas pós-créditos.
>> Crítica de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: pra saber sobre quais filmes eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco: Filmes
Nota nº 4: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO O FILME. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Então, sobre o negócio que eu mencionei na crítica. Lá pro final do filme, a Feiticeira captura a America, leva a garota pro trono e começa a sugar os poderes dela. Enquanto isso, o Doutor Estranho vai parar em outro universo. Em vez de ele correr à procura de um jeito de sair de lá, porque simultaneamente a Feiticeira estava retirando os poderes da America, ele ficou caminhando calmamente com a Christine. Ao chegar no Sanctum, subiu lentamente as escadas e ainda teve uma briga com o outro Doutor Estranho (foi bem legal a batalha com notas musicais, inclusive). Depois disso, ele fez o feitiço pra assumir o cadáver do outro outro Doutor Estranho, foi atacado pelas almas, e só então foi atrás da Feiticeira. Como é que a Wanda ainda não tinha tirado os poderes da America, depois de tanto tempo? E não me venha com a justificativa de que “o tempo viaja diferente entre universos”, porque isso é pateticamente conveniente. Além disso, o processo de retirada dos poderes não deve ser assim tão demorada, porque o Doutor Estranho do começo do filme tentou fazer isso diante da ameaça iminente de um monstro. Não faz sentido.
- O que será que o Stephen acha que aconteceu no incidente com o Homem-Aranha? Se ele não se lembra que o Peter Parker é o Teioso, o que será que ele julga ter acontecido com o super-herói pra chegar no ponto de uma ameaça de multiversos?
- Sim, eu peguei spoiler que o John Krasinski seria o Reed Richards, porque algum maldito ser postou em um tweet de futebol. De qualquer forma, foi a primeira vez que vi a Marvel escalar um ator por “sugestão” dos fãs. Sobre as aparições dos Illuminati, gostei pra caramba. E velho, não esperava que todos fossem morrer de formas tão aterrorizantes. Raio Negro teve a boca arrancada e o cérebro explodido, o Senhor Fantástico foi moído, a Capitã Carter partida pela metade, a Capitã Marvel esmagada e o Professor Xavier teve o pescoço torcido. Só o Mordo Alternativo que sobreviveu, por acaso do destino.
- E por falar em Mordo, a briga entre ele e o Doutor Estranho, antecipada na cena pós-créditos do primeiro filme, aconteceu fora das telas, né? Uma pena. Onde será que o vilão está no universo principal do MCU?
- Uma coisa que eu pensei enquanto assistia ao filme. Será que algum dos Vingadores teria sido útil na luta contra a Feiticeira Escarlate? Só consigo pensar no Thor e na Capitã Marvel, mas ambos aparentemente estão indisponíveis, pelo jeito.
- Podemos combinar que o Doutor Estranho de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa foi um delírio coletivo, certo? O Stephen Strange de Multiverso da Loucura voltou a ser um personagem centrado e preocupado com o destino das coisas, e não aquele cara displicente que deixou Peter Parker, MJ e Ned resolverem uma treta com potenciais grandes de destruição.
- Ainda bem que o Darkhold foi destruído. Será que isso significa que a Wanda voltará pro lado do bem, ou será que ela de fato morreu? Não acredito nessa segunda possibilidade, mas sinceramente não sei o que será da personagem no futuro.
- Continuando nesse tópico do Darkhold, a destruição dele foi a única consequência real se observarmos o multiverso como um todo, né? Não houve nada tão dramático quanto o final de Loki.
- Pirei na Charlize Theron sendo introduzida na Marvel. Pesquisei aqui e descobri que a personagem dela é Clea, mas não faço ideia do que isso significará pro MCU. Só espero que o terceiro olho do Doutor Estranho não fique recorrente, pois me dá incômodo de olhar.
- A segunda cena pós-créditos foi tão brilhante quanto a do Capitão América em Homem-Aranha: De Volta ao Lar.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Feiticeira Escarlate
Gostei muito do desenvolvimento do Doutor Estranho, mas quem rouba a cena é a Feiticeira. No momento, é sem dúvidas a personagem mais poderosa de todo o MCU. O que ela fez neste filme é pra acabar com qualquer discussão a respeito.
+ Maior surpresa: America Chavez
Eu não conhecia a personagem nos quadrinhos, até porque não sou muito de ler HQs. Por isso, fui sem esperar muita coisa, e me surpreendi. America Chavez é uma excelente adição na Marvel, e a atriz Xochitl Gomez deu uma dinâmica bem divertida pro filme.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou do filme. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?