• Os Outros
É incrível como as séries ficam melhores quando se tem continuidade. Eu sei que é meio óbvio falar isso, mas pegar uma sequência deixa tudo mais interessante. Nas duas primeiras temporadas de Lost, era frequente eu ver um episódio em um dia e depois só voltar a assistir uma semana depois. Alguns desses hiatos duraram meses. Na terceira temporada, consegui engrenar um ritmo legal e a história me conquistou mais do que nunca. Pra deixar claro, não foi só o meu ritmo que fez a trama melhorar. De fato, há evoluções notáveis aqui.
Sinopse
Após o botão da escotilha ser apertado e os Outros sequestrarem Jack, Kate e Sawyer,, os sobreviventes do Voo 815 da Oceanic vivem um período de turbulência, com o perdão do trocadilho. Sem saber o que fazer diante da falta de liderança e a escassez de informações, uma parte segue tentando sobreviver na praia da ilha, enquanto o triângulo amoroso conhece cada vez mais os habitantes pregressos daquele misterioso local.
Crítica
Como o próprio nome já diz, Lost sempre gostou de nos fazer sentir tão perdidos quanto os personagens. Literalmente desde o primeiro episódio geral, a série levanta perguntas e abre mistérios, sem a intenção de desvendá-los logo de cara. Alguns segredos ficam ocultos por tanto tempo que a gente até se esquece de que eles existem, ainda mais se você tiver assistido em uma sequência mais espaçada.
Pela primeira vez, Lost começa a entregar respostas. A princípio, de questões mais “mundanas”, como o propósito e rotina dos Outros. Os elementos mais fantásticos da série ainda permanecem nas sombras, e é claro que o roteiro continua construindo novas perguntas. A diferença é que, antes, ele respondia uma pergunta e criava outras duas. Agora, ele responde duas e cria uma outra.
A história tá mais focada. Não vou me estender no assunto da quantidade de episódios, pois já repeti incontáveis vezes aqui no blog que não sou fã desse sistema de mais de 20 capítulos em uma só temporada, porque a trama tende a se desgastar e quase nunca justifica a sua extensão. Lost sofreu com isso nas duas primeiras temporadas, mas na terceira a situação é diferente. Sim, ainda há algumas partes de pura enrolação, principalmente com certos flashbacks que não justificam suas existências, mas até os fillers desta temporada estão mais divertidos.
Não vou criticar os efeitos visuais porque eram outros tempos, então acho sacanagem querer que o nível nesse quesito seja equivalente a uma produção hollywoodiana de ponta. Lost é criativo o suficiente pra disfarçar esses probleminhas, por meio de ângulos de câmera. Quando precisou expor algo de forma mais explícita, eu pessoalmente fiquei tão abraçado pela mitologia da ilha que não achei tosco nem nada parecido.
Os personagens são bem trabalhados – desde a primeira temporada, eu venho falando que eles são os grandes cristais da série. A inserção do cotidiano dos Outros só potencializa essa característica, mas a série começa a dar sinais de inchaço em relação à quantidade de indivíduos. Isso causa uma certa estranheza quando determinadas pessoas somem por muito tempo, apenas pra aparecer posteriormente como se nunca tivessem saído de lá.
Veredito
A terceira temporada de Lost é a melhor até aqui, digo isso com muita tranquilidade. A história tangencia menos os seus arcos e o sentimento de recompensa em virtude das respostas que começam a aparecer deixa a trama ainda mais interessante do que antes. Os novos personagens são ótimos, o desenvolvimento dos antigos é muito bem feito e a série é capaz de misturar momentos dramáticos com partes engraçadas e leves, causando um contraste legal de acompanhar. Pra completar, o roteiro ainda toma algumas decisões surpreendentes e envereda por caminhos inesperados.
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Começando pelo nosso saudoso Rodrigo Santoro – cara… que doideira. A história de Nikki e Paulo foi provavelmente uma das mais aleatórias e impactantes de toda a série até agora. Morro de agonia de pensar em ser enterrado vivo, e foi bem poético que os dois perderam a vida por causa de algo tão trivial quanto diamantes em uma ilha deserta.
- Mano, eu adorei aquele episódio em que o Hugo estava tentando fazer o carro funcionar. Eu acho muito legal quando séries dramáticas constroem um episódio “besta”, em que a história não é tão importante, e sim a dinâmica entre os personagens. E Lost faz isso muito bem, ao criar pequenos grupos e explorar essas interações. Hugo, Sawyer, Jin e Charlie foi um exemplo, assim como o jogo de ping-pong de Hugo e Sawyer e aquela “noite dos garotos” envolvendo Desmond, Charlie, Hugo e Jin.
- A cada cinco minutos, eu pensava que a lealdade da Juliet era diferente. A quem essa mulher responde, pelo amor de Deus??? Mas bicho, fiquei com muita preguiça do Jack em toda aquela história de defendê-la a troco de nada, diante de pessoas que tinham totais razões pra desconfiar dela. Embora eu goste do personagem, nesta temporada o Jack foi um porre.
- Eu sei que o Charlie não era o personagem mais carismático do mundo, mas a morte dele foi perfeita em todos os sentidos. Fez com que ele se despedisse da série em alta, deu significado ao seu sacrifício e fechou o ciclo de um personagem que não tinha mais muita coisa a entregar. A morte do Mr. Eko foi o contrário, pois soou muito aleatória – e de fato foi, pois só aconteceu devido à vontade do ator de deixar a série antes da hora.
- Curti a história do passado do Ben, e achei muito doido que foram os Outros que aniquilaram o pessoal da Dharma, ocupando os lugares deles na ilha. Por isso que não fiquei tão sentido assim pelas mortes desses malucos.
- Sinceramente, deu vontade de bater no Locke por causa das suas ações visando impedir todo mundo de sair da ilha. Tipo assim, se ele não quer sair da ilha por causa da condição física, tudo bem! Ele não é obrigado a ir embora! Agora, não querer que os outros saiam é tão egoísta, pqp. E aquela aparição do Walt pra ele no final da temporada… sei lá, achei meio nada a ver e sem desenvolvimento direito. Pelo menos finalmente descobrimos que o Locke ficou paraplégico porque o pai o arremessou de um prédio.
- Que raiva do Jin, velho. Não é que eu passe pano pra todas as coisas problemáticas que ele fez com a Sun, mas eu não consigo deixar de gostar dele, principalmente quando tá tentando aprender inglês. E tomara que o/a filho/filha do casal sul-coreano sobreviva.
- Por falar em filhos, e aquela história do Aaron, bebê da Claire, ser uma espécie de Anticristo? Foi só um delírio coletivo ou ainda vai ser explorado?
- Eu realmente não esperava que o Sawyer fosse de fato matar o pai do Locke, responsável por sua própria tragédia familiar. Normalmente, quando aparece esse tipo de trama em uma série, os roteiristas sempre dão um jeito de impedir com que personagens ultrapassem esse tipo de limite, mas não. O Sawyer foi lá e sufocou o cara, exatamente como o Locke planejou. Pirei.
- Veeelho!!!! Eu já tava ficando com muita preguiça daqueles flashbacks do Jack nos dois últimos episódios, não conseguia entender o sentido. Quando foi revelado que na verdade tudo era um flashforward, minha cabeça explodiu. De quem é o corpo no caixão? Quem é o cara que a Kate se referiu na conversa com o Jack? Quem mais conseguiu sair da ilha? Lost, você ainda me mata de curiosidade!
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Juliet Burke
A mais nova adição à biblioteca de personagens de Lost traz uma dinâmica nova e interessante pra série, deixando-nos encasquetados quanto à verdadeira lealdade dela.
+ Melhor episódio: S03E23 (“Through The Looking Glass: Part 2”)
Talvez o mais legal de assistir tenha sido o episódio 10, focado no Hurley. Contudo, como o capítulo é basicamente um filler, optei por eleger a culminância dos principais eventos da temporada, com uma excelente e instigante conclusão. Toda a reta final da temporada, aliás, é elite.
+ Maior evolução: Benjamin Linus
Se não fosse pela Juliet, ele teria sido o Melhor Personagem da temporada, com um jeito venenoso e imprevisível, em uma grande interpretação do ator Michael Emerson.
+ Mais subestimado: Hugo “Hurley” Reyes
Assim como o Sayid, Hugo às vezes ganha pouco espaço de tela e não consegue mostrar todo o seu potencial. Na terceira temporada isso melhorou, e ele foi um dos personagens mais agradáveis de se acompanhar.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?