• Hotel Pior Pesadelo
Depois daquela aberração em Freak Show, um indivíduo em suas plenas faculdades mentais teria abandonado American Horror Story e investido seu precioso tempo em coisas de qualidade mais garantida. Como eu não estou nas minhas plenas faculdades mentais, resolvi continuar a ver AHS e dar uma chance para a quinta temporada. Com a alcunha de Hotel, ela é a primeira sem a presença da grande estrela Jessica Lange. Em vez disso, a série resolveu apostar no talento de Lady Gaga no papel principal. O restante do elenco é basicamente o mesmo das outras histórias, com Sarah Paulson, Evan Peters, Angela Bassett e outros participando da nova trama. Antes de assistir, eu tinha ouvido que a temporada não era brilhante, mas tampouco desagradável. Eu compartilho desse sentimento.
Sinopse
O Hotel Cortez está localizado em Los Angeles, nos Estados Unidos. O edifício parece ter sido congelado no tempo, mas continua chamando a atenção de turistas que desejam passar um tempo na cidade. Como vocês podem adivinhar, o lugar não é exatamente aquilo que parece. Lar de criaturas não identificadas, vampiros e pessoas mortas há muito tempo, o Cortez é mais um covil do que propriamente um hotel. Apesar de conter inúmeros segredos, o prédio se mantém relativamente na surdina até que o detetive John Lowe passa a investigar crimes que parecem ter uma conexão com o local. Tudo fica ainda mais enigmático quando os assassinatos convergem em um modus operandi com base nos Dez Mandamentos.
Crítica
Tudo é questão de expectativa. Em geral, a proposta de American Horror Story pra mim é um total desperdício. Em vez de trabalhar mais com o terror psicológico, a série costuma apostar em sequências sangrentas e visualmente chocantes pra justificar o horror em seu nome. O problema é que isso já se tornou cansativo depois de incontáveis filmes centrados em assassinatos hediondos. Neste quesito, AHS não consegue ser original. Nas primeiras temporadas, ela até foi capaz de trazer temáticas menos expositivas, mas o quarto ano, por exemplo, foi um emaranhado de hemoglobinas jorrando. A quinta temporada extrapolou ainda mais neste aspecto. Como a história não é lá essas coisas, o enredo tenta chamar a atenção com a dramatização das mortes envolvendo os Dez Mandamentos. Ao contrário de obras como Seven: Os Sete Crimes Capitais, os assassinatos tendem a ficar entediantes.
Além da insistência no exagero sangrento, Hotel retoma um conceito já apresentado em Murder House, quando as pessoas que morriam na casa eram ressuscitadas como fantasmas. Mais uma prova de que a originalidade escapou da mente de Ryan Murphy. Os personagens, por outro lado, entregam características cativantes. John Lowe é o policial aparentemente certinho em busca da verdade, um clichê que eu particularmente adoro; a Condessa de Lady Gaga é a secular matrona do Cortez, a qual inspira medo e respeito por onde passa. Porém, os serial killers liderados por James Patrick March (Evan Peters) beiram a infantilidade de tão bobos que são.
As tramas e subtramas, apesar de previsíveis, são instigantes e me deixaram com um gostinho de quero mais na boca. Eu não conseguia deixar de notar os defeitos, mas não pude evitar clicar no botãozinho de próximo episódio no Globoplay sempre que possível. O desenvolvimento das histórias é bem-sucedido, mas desemboca em um problema crônico de American Horror Story: o encerramento dos arcos. A série simplesmente não consegue promover bons finais. O último episódio é decepcionante e com uma obviedade intensa, e desmancharam muito do que havia sido feito até então.
Veredito
A quinta temporada de American Horror Story é repetitiva, previsível e apelativa. Alguns personagens são caricatos até demais, mas outros surpreendem pela construção bem feita ao longo dos capítulos. A história não tem lá muitas novidades e poderia ser mais um ponto negativo, se não fosse pela narrativa com toques de mistério e um certo sarcasmo, sustentada pelo talento sobretudo de Lady Gaga, Denis O’Hare e Kathy Bates, os três pilares do Hotel Cortez em todos os sentidos. O maior problema do produto final é que ele não aproveita caminhos que poderiam ter trazido um pouco de ar fresco para a série, optando por seguir fórmulas que cansamos de ver nas quatro tramas anteriores. Entretanto, não podemos deixar de negar que é um bom entretenimento, ainda que com uma conclusão desapontadora. Nota final: 3,0/5.
>> Crítica da 1ª Temporada de AHS
>> Crítica da 2ª Temporada de AHS
>> Crítica da 3ª Temporada de AHS
>> Crítica da 4ª Temporada de AHS
Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco
Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco
Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco
Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco
~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~
- Posso parecer meio burro, mas eu realmente não esperava que o Lowe fosse o Assassino dos Dez Mandamentos. Fiquei tão preso na ideia de que seria alguém ainda não apresentado que nem cheguei a cogitar outras opções. Como já aconteceu várias vezes no passado, “descobri” isso um episódio antes da revelação porque li um comentário de teoria no TV Time. Às vezes eu quero socar o eu do passado.
- Annabeth Chase tava presa na parede da Lady Gaga, que viagem. Acabou que ela não durou muito tempo, e o italianinho lá durou ainda menos porque o outro ciumento tirou sua vida e desfigurou seu rosto. E por falar nesses caras, não minto: confundi todos. Matt Bomer, Cheyenne Jackson, Finn Wittrock, pra mim era tudo o mesmo ator.
- Queenie aparecendo no bagulho só pra ser morta foi bem vacilo. As bruxas não vão gostar de saber disso.
- A Ramona foi meio nhé, esperava mais. E a Angela Bassett como sempre interpretando a Angela Bassett.
- Trate a sua paixonite como a faxineira Evers trata o James Patrick March *—-*
- Puta merda, os Lowe são os piores pais do mundo, né? Ficaram naquela lereia de “Holden, Holden, Holden” e a Scarlett sofrendo de abandono lá. Ela é a verdadeira heroína da temporada.
- Fiquei com bastante raiva daquelas crianças vampiras assassinas. Tinha que chamar a Super Nanny com muitos dentes de alho pra acabar com aquela pirralhada. E tudo por culpa da Alex, que teve a BRILHANTE ideia de colocar seu próprio sangue em contato com o sangue do outro menino. Pra falar a verdade, a culpa foi da mãe anti-vacina do garoto. Pior escória (tô brabo).
- Vocês vão me desculpar, mas aquelas festinhas dos serial killers foram muito vergonha alheia. Qual é a dessa atração de estadunidenses por serial killers? Não consigo entender. Lily Rabe super desperdiçada como Aileen Wuornos e o Zodiac com o rosto tampado. O curioso foi que o John Carroll Lynch, o qual vive o principal suspeito de ser o infame assassino no filme Zodíaco, tava lá na reuniãozinha do mal como outro assassino. Curioso.
- Liz Taylor contando sua história foi algo muito intenso. E eu jurava que o filho seria homofóbico ou algo do tipo, foi uma surpresa quando ele se mostrou receptivo e compreensivo, mesmo com a consciência de que tinha sido abandonado.
- Todo mundo ficando vivo e feliz no final, apesar da maioria ter morrido. E aquele bicho esquisito que estuprou aquele outro cara nos primeiros episódios não deu em nada, né? Então pra que foi inserido na história? Ah, aquele final foi ruim demais. Eu só queria que AHS conseguisse fechar bem um ciclo e se livrar de seus personagens. Seria pedir muito? Eu acho que não.
~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~
+ Melhor personagem: Liz Taylor
Ainda que seu núcleo tenha como foco principal a identidade de gênero, o talentoso Denis O’Hare dá vida a uma personagem com diversas camadas e não se reduz “apenas” a esta característica.
+ Melhor episódio: S05E05 (“Room Service”)
Ao contrário de outros capítulos com arcos bons e ruins na mesma medida, este episódio apresentou um núcleo ótimo, ao mesmo tempo que manteve o nível dos outros. Conseguiu misturar bem o drama e a ação da temporada em um só pacote.
Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?