Ação/Policial

Lucifer: 6ª Temporada (2021)

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• O destino inescapável

É engraçado como o processo de terminar uma série costumava ser mais emblemático pra mim. Antes, finalizar um último episódio significava abrir mão de uma história na qual dediquei muitas horas. Hoje, eu sinto um certo alívio. Não sei se a culpa é das séries que eu vejo, ou se é algo comigo. Vale dizer que o sentimento ainda existe em obras específicas, como Orange Is The New Black The Good Place. Com Lucifer, não foi o caso. Sendo bem sincero, eu não via a hora de acabar, justamente pra eu começar outras maratonas melhores. Isso faz sentido pra vocês? Ou eu me tornei excessivamente insensível?

 

Sinopse

Não há mais como adiar. Depois de implorar pela atenção de seu pai durante milênios e lutar em uma guerra contra seus irmãos, Lucifer Morningstar foi incumbido com a modesta tarefa de se tornar Deus. Porém, como o Rei da Procrastinação que ele é, o Diabo não quer saber de assumir o trono logo de cara. Ele simplesmente não se sente pronto. Por isso, continua solucionando crimes na Terra, na expectativa de que algo o ilumine e forneça o gás necessário pra ele ascender ao Paraíso. Enquanto isso, Chloe sente falta de seus tempos de detetive, Amenadiel decide virar policial e Dan sofre sua penitência no Inferno. Para coroar, tudo vira de cabeça pra baixo após a aparição de uma garota misteriosa em solo infernal.

A Chloe achando que é a Feiticeira Escarlate

Crítica

Tem muita coisa familiar na sexta temporada de Lucifer. E, por familiar, quero dizer repetitiva. Quantas vezes eu preciso ver o Diabo protelando algo, conversando com a Linda a respeito, tomando uma conclusão precipitada e aprendendo algo no processo? Quantas vezes eu preciso ver um assassinato com o qual pouco me importo, sendo que só desejo ver a trama andar? Eu realmente preciso acompanhar a mesmíssima estrutura em cada episódio?

Ainda que Lucifer faça algumas coisas diferentes, elas seguem muito parecidas. A série apenas as maqueia e faz parecer que se tratam de algo diferente, sendo que a verdade não poderia estar mais distante disso. Os personagens estão estagnados há várias temporadas, e o roteiro não sabe o que fazer com alguns. Chloe e Linda estão nessa lista, com arcos tão pobres que chegam a dar pena.

A verdade é que a Netflix promoveu o pico de Lucifer em sua quarta temporada, mas desde então falhou em entregar um produto consistente. Quase nenhum dos anos é propriamente ruim, com exceção do terceiro, mas não é uma série que eu encheria a boca pra recomendar. Dito isso, a última temporada tem os seus méritos.

Mesmo possuindo uma estrutura bem delineada, a série consegue encontrar alguns escapes. Como se trata da temporada final, o enredo é obrigado a acelerar em determinados pontos, deixando a jornada menos massuda. Com isso, consequentemente aparecem mais momentos divertidos, como o terceiro episódio, e impactantes, como o sexto capítulo. Esse impacto, inclusive, é proveniente de um golpe audacioso da série, abordando algo que não tinha muito espaço até então.

Se fosse uma temporada qualquer, a sexta teria saldo majoritariamente positivo. No entanto, por se tratar da última, as falhas ficam mais evidentes. O desfecho não é necessariamente ruim, mas o caminho até ele é decepcionante. Guardadas as devidas proporções, é como o final de Game of Thrones. Não são os acontecimentos que foram ruins, mas sim os eventos que levaram a eles. A conclusão de Lucifer não é tão catastrófica assim, mas cabe a comparação nesse aspecto.

A série muitas vezes andou de forma lenta demais pro meu gosto. Nos últimos episódios, ela caminhou de maneira exageradamente rápida, sem dar espaço pra apreciarmos acontecimentos esperados, que são tratados de um jeito até superficial. Se esse desenvolvimento tivesse sido melhor aproveitado, o final seria realmente bom. Mais importante do que isso, a coragem das decisões teria se valorizado.

Pop e rock

Veredito

A temporada final de Lucifer explora ao máximo o carisma de Tom Ellis. Como de costume, o ator corresponde. A história pode não ser brilhante, mas é suficientemente instigante para nos manter interessados até o fim, curiosos pra saber como tudo aquilo acabará. A série apresenta boas ideias, que poderiam agregar no futuro. Infelizmente, faz isso tarde demais, e tais ideias acabam ficando aquém de seus potenciais. No mais, é um encerramento satisfatório, ainda que contenha elementos apressados. O desfecho é capaz de arrancar emoções, sobretudo daqueles que são mais apegados à série. Em resumo, é uma temporada interessante, mas sem ser tão marcante quanto poderia. Nota final: 3,5/5.

Umbrella, Ella, Ella, ê, ê, ê

 

>> 1ª Temporada de Lucifer

>> 2ª Temporada de Lucifer

>> 3ª Temporada de Lucifer

>> 4ª Temporada de Lucifer

>> 5ª Temporada de Lucifer

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

Nota nº 5: sabia que eu agora tenho um canal no YouTube? Não? Então corre lá pra ver, uai: Pitacos do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Venho deixar aqui a minha nota de repúdio pro descobrimento da Ella a respeito dos celestiais. Sério, Ella merecia mais. Gostei muito da personagem ter chegado à conclusão por si só, mas a temporada nem deu tempo pra isso se desenvolver direito. Todos os outros personagens passaram dias lidando com a informação de que Lucifer era realmente o Diabo. A Linda entrou em estado catatônico, a Chloe foi pro Vaticano e o Dan ficou traumatizado. Com a Ella, bastou apenas um capítulo de conversas e pronto. Eu fiquei esperando por esse momento durante a série inteira, e digo que definitivamente não valeu a pena. Pelo menos ela não terminou sozinha, né? O grande e carismático Carol estava lá pra ajudar.
  • Ok, o episódio da animação foi massa pra caramba. Não gostei muito de outros capítulos temáticos de Lucifer, como aquele da Lilith e o musical. No entanto, a animação foi boa demais, e me fez pensar no quanto a personalidade da Chloe ficou MUITO mais legal no desenho do que no live action. Na moral, pra alguém com tanta importância na trama, a detetive é incrivelmente sem graça.
  • A impressão que eu tive sobre a trama de viagem no tempo é que os roteiristas só jogaram o plano e, quando perceberam que não sabiam o que fazer com aquilo, já era tarde demais. Não faz sentido algum o Lucifer não ter voltado à Terra nem uma única vez depois de ir ao Inferno. A desculpa de que a Rory não poderia flagrá-lo, pois colocaria em risco o destino de todos, não cola. Era só ele fazer visitas esporádicas, sem a Rory saber. Conseguir algum disfarce, sei lá. Achei isso tosco demais.
  • Sobre a despedida da galera, foi um episódio bonito e tudo mais, só me deu um pouco de preguiça quando o Lucifer começou a falar com um por vez. Quando foi chegando no fim, eu queria apenas que ele aviasse.
  • O episódio do Amenadiel descobrindo que o racismo está incrustado estruturalmente na sociedade foi excelente. Ver um choque de realidade de um anjo, ao observar um dos piores defeitos da humanidade, trouxe uma dinâmica crua e real pra série.
  • Podem me xingar por causa disso, mas por pouco eu não passei pra frente o casamento da Maze e da Eva, e olha que não é algo que costumo fazer. Sério, cara, que preguiça daquilo. Eu morro de tédio com sequências de casamentos. Pelo menos o episódio acabou elétrico, com a Ella botando a boca no trombone. E vou optar por nem comentar sobre a aparição do Adão. É sério que deram uma temporada de 80439284932 episódios pro Caim e um mísero episódio pro Adão?
  • Quando o Dan morreu na temporada anterior, eu tinha a impressão de que o veria novamente muitas vezes, e que de alguma forma ele voltaria. Não foi bem do jeito que eu imaginava, mas ele ainda assim se mostrou presente. E vou falar pra vocês, gostei muito dele ao longo da temporada. Fiquei teorizando toda hora sobre qual seria o motivo pra não ir ao Céu. E a sua dinâmica com o Amenadiel é sensacional.
  • A série simplesmente cagou pra Trixie, e isso jamais conseguirei perdoar. Eu entendo que a atriz tinha agenda cheia e fez apenas pontas na temporada, mas poderiam tê-la utilizado melhor. Velho, não deixaram nem ela se despedir do Lucifer. Fiquei genuinamente triste com isso. Pra piorar, Trixie sequer estava junto com a Rory no momento da morte da Chloe. Por que diabos não colocaram uma atriz mais velha pra interpretar a personagem? Nem precisariam dela mais jovem.
  • O Amenadiel se tornando Deus era a escolha mais lógica desde o princípio, e todo aquele rolê do Lucifer querer assumir o trono na temporada anterior não passou de um delírio coletivo.
  • Fico imaginando o que aconteceu com o Miguel. Será que ele passará a eternidade limpando o chão do Inferno, ou terá a oportunidade de se redimir com o seu irmão gêmeo?

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Amenadiel
Depois de cinco temporadas, Amenadiel enfim conseguiu ser o melhor. Ele não foi o que teve mais espaço, é verdade. Contudo, na minha opinião foi o que melhor se desenvolveu, demonstrando desilusão e poder na mesma medida. Lucifer foi bem, é claro, mas nada que tenha fugido muito do esperado.

Olha os poliça

+ Melhor episódio: S06E06 (“A Lot Dirtier Than That”)
Poucas séries de policiais têm a audácia de tecer críticas a eles mesmos, e gostei de Lucifer ter feito isso. Foi o único episódio da temporada que me prendeu do começo ao fim.

AURORA – Murder Song (5, 4, 3, 2, 1)

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).