Drama

The Walking Dead: 11ª Temporada (2021/22)

the walking dead 11

• Capitalismo tardio

A primeira série que eu assisti na vida foi The Walking Dead. Foi com ela que eu aprendi a gostar desse hobby, e desde então sempre a considerei como a minha série favorita, mesmo não achando necessariamente que é a melhor série de todos os tempos. Eu tenho uma tatuagem do chapéu do Rick Grimes. Eu tenho um bonequinho do personagem, e uma camiseta de TWD. Se a obra é tão importante assim pra mim, por que diabos demorei tanto a ver a última temporada? Sinceramente, não sei. Entre julho e agosto de 2023, eu vi os cinco primeiros episódios, mas eles não estavam me agradando. Abandonei por um tempo e só retomei em maio de 2024, quando vi os 19 episódios restantes em menos de uma semana. E assim eu finalizo a origem da minha paixão por séries de televisão.

 

Sinopse

Após o fim da ameaça dos Sussurradores, os nossos sobreviventes favoritos buscam juntar os pedaços. A escassez de comida começa a ser um problema nas comunidades, como Alexandria e Hilltop. Para evitar a inanição, os grupos vão cada vez mais longe, deparando-se com novos inimigos e encontrando um lugar que simula as atividades do velho mundo, onde milhares de pessoas vivem em aparente harmonia, cada um exercendo uma profissão a fim de fazer a roda girar. Como sempre, porém, nem tudo é o que parece.

Isso é que é Jardim de Infância

Crítica

O fato de The Walking Dead ser a minha série predileta nunca me impediu de criticar os seus erros. Com isso em mente, não tenho problemas em dizer que a 11ª temporada não começa muito bem. Talvez eu não estivesse na vibe da série quando assisti aos primeiros episódios? É possível. De qualquer forma, eu não fiquei fisgado logo de cara pelo enredo, que mostrava semelhanças preocupantes com as demais temporadas. A perspectiva de serem 24 episódios no total, a maior quantidade em uma só temporada em toda a série, também não me ajudou a ficar instigado.

The Walking Dead sempre teve problemas de ritmo. Desde a quarta temporada eu lamento o padrão que se criou – um bom início, um desenvolvimento arrastado e um final explosivo, com o propósito de manter o nosso interesse pras sequências. A série muitas vezes perdeu tempo demais trabalhando personagens que não valiam a pena ser mostrados, ou cuja história não era tão interessante a ponto de sustentar um episódio sozinha.

Fiquei surpreso e feliz que a 11ª temporada não tenha cometido os mesmos erros. Sim, há alguns episódios com foco em núcleos específicos, deixando personagens na geladeira até voltar suas atenções novamente a eles. Porém, ao contrário do que acontecia antes, eu não fiquei com a sensação de que a trama custava a andar pra frente. Pelo contrário, ela sempre me pareceu estar em movimento, me fazendo relativizar a extensão da temporada – e quem acompanha o meu blog sabe que isso não acontece com muita frequência.

A 11ª temporada de The Walking Dead peca em alguns detalhes. O roteiro insere elementos que acabam não levando a lugar algum e não tem tanta coragem quanto em outras ocasiões. Eu já havia mencionado isso na crítica da 10ª temporada, e volto a repetir. Infelizmente, a invencibilidade (o famoso plot armor) de certos personagens permanece. Eu não queria que ninguém importante morresse e fiquei com medo de isso acontecer por se tratar da última temporada, mas, quando o índice de mortes relevantes se mostrou baixo no final das contas, não pude deixar de sentir que a série estava sendo um tanto quanto covarde.

Esse defeito é algo que precisa ser mencionado, mas passa bem longe de estragar o resto. A verdade é que a 11ª temporada de TWD me surpreendeu positivamente, com uma história viciante e abordagens diferentes do que eu havia visto até então. Até mesmo os poucos episódios que mostram somente dois ou três personagens trazem um clima de originalidade, investindo em temas como terror, política e sacrifício. Não são assuntos inéditos na série, mas trazidos de maneira diferente.

A conclusão solta óbvios ganchos pros vários spin-offs advindos do legado da série principal, mas sem deixar a sensação de produto inacabado. The Walking Dead fecha bem o seu ciclo e, embora não tenha apresentado um final de cair o queixo ou algo do tipo, teve muito mais elementos bons do que ruins.

Que tipo de Star Wars é esse?

Veredito

O fim de The Walking Dead pode não ser tão brilhante quanto o seu início, mas faz com que a série termine em alta depois de alguns anos de oscilação, que retiraram a obra do pedestal de mais comentadas pelo público geral. A 11ª temporada trabalha com calma os conceitos que apresenta, sem enrolar demais, buscando equilibrar as atenções quanto aos inúmeros personagens. Falta um pouco de ousadia pra ter a cereja no bolo, mas as qualidades se sobrepõem aos defeitos no encerramento de uma grande série que infelizmente não foi capaz de sustentar por muito tempo o seu potencial.

Que trabalheira deixar o bigode assim em um cenário apocalíptico

 

>> Crítica da 1ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 2ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 3ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 4ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 5ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 6ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 7ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 8ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 9ª Temporada de The Walking Dead

>> Crítica da 10ª Temporada de The Walking Dead

 

Nota: caso eu tenha usado algum termo desconhecido para vocês, meus queridos e queridas leitoras, não hesitem em acessar esse post aqui, ó: Glossário do Leleco

Nota nº 2: quer conhecer melhor a história do blog e os critérios utilizados? Seus problemas acabaram!! É fácil, só acessar esse link: Wiki do Leleco

Nota nº 3: bateu aquela curiosidade de saber qual exatamente é a nota das temporadas, sem arredondamentos? Se sim, dá uma olhada aqui nesse link. Se não, pode dar uma olhada também: Gabarito do Leleco

Nota nº 4: pra saber sobre quais séries e temporadas eu já fiz críticas no blog, é só clicar aqui: Guia do Leleco

 

~ OBSERVAÇÕES SPOILENTAS: NÃO LEIA A NÃO SER QUE JÁ TENHA VISTO A TEMPORADA INTEIRA. O AVISO ESTÁ DADO ~

 

  • Olha, eu até gostei daquele negócio de não colocarem algumas histórias em ordem cronológica, indo contando de trás pra frente com aqueles letreiros de “dois dias antes”, mas teve uma hora que cansou, né? Naquele episódio em que a galera encontra os religiosos que acolheram o Negan e onde ele conheceu a nova esposa, eu fiquei um tanto quanto confuso. E uma nota rápida sobre esse episódio: aquele ex-agente da CIA teve uma das mortes mais tensas da série, pqp. Cair de um prédio alto e sobreviver, mas sem poder se mexer, enquanto diversos zumbis se alimentam do seu corpo? Misericórdia.
  • Naquele episódio em que o Daryl tá infiltrado no bando do Pope junto com a Leah, eu comentei com minha namorada de que aquele cara não era bom o suficiente pra ser o grande vilão da última temporada. Poucos minutos depois, a Leah foi lá e o matou. Só não entendi por que ela continuou viva após daquilo, já que, em sua aparição seguinte na série, foi morta pelo Daryl. Eu entendo que serviu pra mostrar que a lealdade do Daryl para com a Maggie era maior do que qualquer sentimento de romance com a Leah, mas sei lá. Acho que não teve tanto impacto assim.
  • Cara, aquele episódio da Connie com o Virgil!!! Um dos “capítulos solo” mais fodas de The Walking Dead. Sério, aqueles sobreviventes canibais parecendo demônios me deixaram de cabelo em pé. Só achei que o personagem do Virgil não disse a que veio. Depois da briga na casa dos demônios, ele apareceu naquela noite de tempestade lá em Alexandria e nunca mais foi mencionado, sendo que parecia ser importante. Era melhor que o tivessem matado então.
  • E por falar em personagens que sumiram sem mais nem menos, o que aconteceu com aquela agente secreta que fingia ser a Stephanie? Ela morreu? Porque eu só lembro do parceiro dela sendo jogado na cela do Hornsby, mas não lembro se chegaram a mostrá-la depois de ela matar aqueles funcionários lá no festival.
  • Não vou mentir, por um momento eu JUREI que a Judith tinha morrido baleada pela Pamela. Eu sei que, pensando racionalmente, ela estava protegida pelo roteiro, mas desde a morte do Carl eu fiquei meio reticente quanto a isso. Ainda bem que ela sobreviveu junto com o R.J., o Hershel, a Grace e as outras crianças.
  • Já que eu entrei de vez no assunto de mortes, fiquei triste pela morte da Rosita, mas satisfeito que a série pelo menos teve a coragem de matar alguém importante. Eu também teria sentido a morte do Luke, porque gostava dele, mas o cara ficou tanto tempo sem aparecer que eu me desapeguei, e, quando ele voltou, pouco depois morreu. Ainda acho que deveria ter havido mais mortes, talvez da esposa do Negan, do próprio Negan ou alguém como o Jerry, por exemplo. Por outro lado, meu lado fã ficou feliz que o Jerry tenha sobrevivido.
  • Bicho, que agonia da Lydia tendo o braço arrancado, aquela parte me lembrou muito o The Walking Dead de antigamente. E achei um paralelo interessante com o Aaron, que a acolheu e também passou pela mesma situação.
  • Aqueles “soldados treinados” fizeram jus às semelhanças com os stormtroopers, né? Que bando de gente incompetente, e não falo só da mira ruim. Por que diabos eles se aproximavam tanto dos enxames de zumbis pra poder impedi-los de avançar? Havia todo um campo aberto ao redor. Vários guardas morreram por pura estupidez, não dá pra entender.
  • Depois de não curtir muito o Mercer quando ele foi apresentado, por achá-lo meio cartunesco demais, até que gostei dele ao longo desta temporada. Era óbvio que em algum momento ele iria se voltar contra o sistema, mas foi satisfatório ver de fato isso acontecendo. E gostei muito do uso de palavrões da série, poderia ter sido assim desde sempre.
  • Mano do céu, que conceito da hora o dos zumbis inteligentes!!! É uma pena que essa ideia surgiu apenas nos últimos episódios da última temporada, gostaria de ter visto um pouco mais. E, mesmo gostando desse conceito, foi um pouco estranho ele ter sido jogado tão de repente na história. Sim, eu sei que na primeira temporada já tinha zumbis assim (inclusive a menininha que pega o ursinho no chão), mas a galera já enfrentou incontáveis hordas sem se deparar com algo parecido, e do nada aparecem vários em um mesmo enxame. Mas ok, eu passo pano.
  • Que saudade que me deu do Rick e da Michonne. Vou ser obrigado a ver a minissérie The Ones Who Live só pra acompanhá-los uma última vez.

 

~ FIM DAS OBSERVAÇÕES SPOILENTAS. A PARTIR DAQUI PODE FICAR DE BOA SE VOCÊ AINDA NÃO VIU ~

 

+ Melhor personagem: Negan
Repetindo o feito da temporada anterior, Negan vence merecidamente esse prêmio. Vários personagens diferentes têm os seus momentos nesse ano de conclusão, como Daryl, Maggie e Eugene. Porém, Negan é o único que eu sempre queria ver mais e ficava empolgado por vê-lo em tela, mesmo ele não aparecendo tanto quanto esses outros que mencionei.

Sucessora da Lucille

+ Melhor episódio: S11E23 (“Family”)
O penúltimo capítulo de The Walking Dead serve como uma preparação perfeita pro desfecho, aumentando as expectativas pro que virá a seguir.

A política sobrevive até mesmo ao apocalipse

+ Maior evolução: Aaron
Quem acompanhou de perto o Aaron é capaz de notar uma evolução absurda daquele recrutador gente boa pra um protetor fodástico. Em certos momentos da temporada, ele até chegou a assumir pra mim o posto de Melhor Personagem. Destaque também pro Padre Gabriel e pra Rosita.

Pai e filha

 

Ei, você! Tudo joia? Pois é, eu também tô bem. E já que agora temos intimidade, comenta aí o que cê achou da temporada. Opiniões são sempre bem-vindas, e é importante lembrar que nos comentários spoilers estão liberados. Se você não quiser vê-los, corre logo pra assistir e depois volte aqui, beleza?

Publicado por Luiz Felipe Mendes

Fundador do blog Pitacos do Leleco e referência internacional no mundo do entretenimento (com alguns poucos exageros, é claro).